Escolas de sexo
por Daniela Pessoa | 21/08/2009 Do Tantra ao Kama Sutra, conheça as filosofias orientais do êxtaseATENÇÃO: ESTE CONTEÚDO POSSUI TEOR SEXUAL E É IMPRÓPRIO PARA MENORES DE 18 ANOS.
Sexo? A correria nossa de cada dia nem sempre deixa tempo para pensarmos no assunto. É chegar em casa, transar em cinco minutos, virar para o lado e dormir. A coisa começa a ficar mecânica e pior: monótona. Dá vontade de não fazer...
Para as chamadas escolas orientais de sexo - filosofias árabe, chinesa e indiana -, o ato sexual é um momento de harmonia e bem-estar. Bem além do que ensinar técnicas, os "manuais sexuais" do Oriente mostram a arte de fazer amor e conduzem a uma relação mais profunda e intensa com o parceiro. Sexo por sexo? Esqueça! Prepare-se para conhecer o verdadeiro prazer.
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O legado
Além de palácios ricos em esculturas eróticas, os orientais deixaram textos como o Kama Sutra, o Ananga Ranga, o Tao e O Jardim Perfumado - grandes manuais sexuais. "A filosofia Oriental vai além do sexo, buscando a essência do casal e do indivíduo. Homem e mulher passam a trilhar um mesmo caminho de enriquecimento - do corpo e da alma - numa experiência física e espiritual magnífica", explica a pompoarista e shiatsu terapeuta Regina Racco, autora do livro "Poder sexual e qualidade de vida" (editado pela Pompoarte.com.br).
“O sexo é apenas a primeira manifestação da energia, o primeiro degrau da escada e, se você quer crescer, evoluir, se transformar, você não pode negar a base ou lutar contra ela”
Apenas a técnica não vale. Esse é um dos primeiros mandamentos das filosofias orientais. "Apesar de nós, ocidentais, termos crescido muito em termos de proteção durante o sexo, como a conscientização da necessidade do uso da camisinha, regredimos bastante no ato de fazer amor", alerta a professora especialista em artes eróticas orientais, Celine Imaguire, autora do livro Pompoarismo, o caminho do prazer (Editora Éden). Segundo ela, homens e mulheres deixaram de explorar os cinco sentidos, as sensações. "Fazemos tudo com pressa", critica Celine. "O tempo médio do brasileiro é de cinco a 10 minutos de penetração - e geralmente só o homem chega ao orgasmo", afirma.
Ela conta que entre 40% e 50% de suas alunas não sentem prazer e que, entre as que sentem, 80% a 90% têm somente orgasmo clitoriano. "Isso acontece porque elas não conhecem os caminhos do corpo. As mulheres do Oriente são mais orgásticas justamente porque experimentam as filosofias orientais do sexo, aplicando-as para prolongar o prazer", explica Celine. A professora ressalta: "São filosofias - e não religião. É bom desmistificar, porque não são a mesma coisa". De acordo com ela, toda mulher merece e pode ter esse tipo de conhecimento, porque sexo, afinal, é prazer, saúde e vida. Preparada?
As filosofias do êxtase
Kama Sutra: De origem hindu, Kama é uma divindade masculina e Sutra significa, no antigo sânscrito, conjunto de ensinamentos. O Kama Sutra é então, literalmente, um manual indiano do sexo, com 64 posições sexuais descritas através de textos e imagens. Celine Imaguire conta que o livro é resultado de uma compilação feita pelo nobre Vatsyayana, no século IV, que misturou várias técnicas sexuais dos manuais orientais, centralizando-as num só guia - o Kama Sutra - que Celine gosta de chamar de "manual da etiqueta sexual".
A especialista em artes eróticas orientais explica que, à primeira vista, parece ser impossível praticar as posições ensinadas no livro, pois parecem verdadeiras acrobacias. Mas, segundo ela, o texto diz mais do que a imagem. "Naquela época, não havia a noção de perspectiva no desenho e, por isso, as ilustrações parecem confusas, porque muitas vezes não correspondem ao que o próprio texto diz", explica Celina, cuja dica é ir desmembrando as informações do texto, e não das imagens.
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Uma das técnicas mais "quentes" e milenares dos manuais orientais, que pode ser aplicada em todas as posições do Kama Sutra, é a da ginástica íntima - pompoarismo, recomendada para todas as idades. Aprende-se a contrair os músculos intravaginais (no caso dos homens, os músculos penianos), ganhando o controle total da força muscular na região. Com isso, a mulher fortalece o canal vaginal e auxilia no seu próprio prazer e no do parceiro durante a relação sexual.
"O canal vaginal é muito sensível a estímulos. Se a resposta está fraca, tem muito a ver com a mulher estar deixando essa região de lado, em inércia provocada pelo esquecimento", explica a pompoarista Regina Racco. "Com o treinamento dos músculos, eles começam a se fortalecer. Aí, pode multiplicar por mil a capacidade erógena e de percepção dos estímulos sexuais", afirma Racco.
Além da geografia do corpo, o Kama Sutra dá ênfase ao amor e à liberação dos cinco sentidos - audição, paladar, olfato, tato e visão - além da mente. Portanto, o livro funciona como um guia para aprimorar a sensualidade e o erotismo do casal e do ambiente. Óleos, brinquedos, perfumes, música e demais estímulos sexuais e sensuais estão liberadíssimos para ajudar os pombinhos a chegarem ao clímax de forma nada rotineira.
Ananga Ranga: Na mesma linha do Kama Sutra, o Ananga Ranga, manual indiano escrito por Kalyana Malla por volta de 1172 d.C., descreve as zonas erógenas tanto dos homens quanto das mulheres e traz uma compilação de posições sexuais, muitas das quais já ensinadas no Kama Sutra. A diferença é que o Ananga Ranga foi escrito especificamente para casais, visando evitar o "divórcio" do marido e da mulher. Segundo o autor da obra, a maior razão para a separação de um casal e causa que leva ambos aos braços de amantes é a monotonia que surge nas relações sexuais. É justamente isso que o Ananga Ranga procura evitar a todo custo, prometendo aquecer os parceiros na cama.
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